quarta-feira, 2 de janeiro de 2013

HOMILÍA SOLENIDADE DA SANTA MÃE DE DEUS, MARIA

1)
 
A dimensão universal e cósmica do Natal do Senhor Jesus se estende no tempo e no espaço: de forma litúrgica com particular intensidade com a Oitava do Natal e de forma especificadamente espiritual abrindo o ano civil o primeiro de Janeiro com a Solenidade da Santa Mãe de Deus, Maria.

É com o inicio do ano civil que se dá uma continuidade histórica ao Natal, colocando Aquela que depois de Jesus é dominante nos acontecimentos de Belém: a Virgem Maria, que por ter gerado Jesus Filho Unigênito de Deus é Mãe de Deus.

Tanta é a relevância da Virgem Maria que o Sacramentário Gelasiano do final do século V nos apresenta um Prefacio eucarístico denso de estupor diante do Mistério celebrado:

“Celebrando a Oitava de Natal, celebramos as tuas maravilhas, Senhor.

Aquela que dá à luz é mãe e Virgem;

Aquele que nasceu é menino e Deus.

Os céus falaram.

Os anjos se alegraram.

Os pastores exultaram.

Os magos se encaminharam.

Os reis foram turbados.

Os inocentes foram coroados de uma gloriosa paixão.

Amamenta, ó mãe o nosso alimento,

amamenta o pão que vem do céu,

no presépio colocado,

como o alimento dos animais.

É lá que o boi reconheceu seu proprietário

E o burro o presépio do seu Senhor,

o boi e o burro, ou seja, a circuncisão (os hebreus) e o prepúcio (os pagãos).

Tudo o que o nosso Salvador e Senhor,

Si dignou de cumprí-lo em plenitude

Em quanto foi recebido por Simeão no templo”.

 

2)
 
Do Mistério que celebramos não podemos tirar a Virgem Maria pela simples razão que Ela é a Mãe de Deus e nossa Mãe na ordem da Graça.

Num mundo que experimenta de várias maneiras as crises de valores que nos tornam “órfãos”, Maria é a resposta do Senhor a quantos vivem uma “orfandade” espiritual e existencial: Ela em quanto Mãe de Deus nos é dada como mãe na ordem da Graça para enriquecer-nos da graça que nos torna seus filhos, aquela Graça perdida e recusada com o pecado das origens.

Certa maneira, em Maria Mãe de Deus nos é dado experimentar de forma mais ampla a benção de Aarão e a paz, porque destas temos a plenitude em Cristo.

Maria é o primeiro sinal, a aurora da plenitude dos tempos (cfr. Gl 4,4), Ela que antecipa o “Sol resplandecente que nos veio visitar” (Lc 1,78).

Maria é a criatura que mais penetrou o mistério da plenitude dos tempos porque gerando o Verbo eterno mais era próxima do mesmo mistério e, sobretudo, porque “guardava todos esses fatos e meditava sobre eles em seu coração” (Lc 2,19).

Maria ensina-nos a guardar e meditar em nossos corações sobre os fatos que tu viveste para poder anunciar e construir a paz que teu Filho nos dá, Ele que é o “Príncipe da paz”.

Padre Ausilio Chessa

O ser nossa mãe suscita em nós não somente sentimentos de devoção e veneração mas também a certeza que a sua presença é sempre presença de  mãe, presença que não podemos impedir.

A maternidade da Virgem Maria é o caminho certo para acolher Jesus na sua natureza humana e o caminho certo, pela anunciação do anjo Gabriel, para acolher Jesus na sua natureza divina.

 
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