1)
A dimensão universal e cósmica do Natal do Senhor Jesus se estende no tempo e no espaço: de forma litúrgica com particular intensidade com a Oitava do Natal e de forma especificadamente espiritual abrindo o ano civil o primeiro de Janeiro com a Solenidade da Santa Mãe de Deus, Maria.
É com o inicio do ano civil que se dá uma continuidade histórica ao Natal, colocando Aquela que depois de Jesus é dominante nos acontecimentos de Belém: a Virgem Maria, que por ter gerado Jesus Filho Unigênito de Deus é Mãe de Deus.
Tanta é a relevância da Virgem Maria que o Sacramentário Gelasiano do final do século V nos apresenta um Prefacio eucarístico denso de estupor diante do Mistério celebrado:
“Celebrando a Oitava de Natal, celebramos as tuas maravilhas, Senhor.
Aquela que dá à luz é mãe e Virgem;
Aquele que nasceu é menino e Deus.
Os céus falaram.
Os anjos se alegraram.
Os pastores exultaram.
Os magos se encaminharam.
Os reis foram turbados.
Os inocentes foram coroados de uma gloriosa paixão.
Amamenta, ó mãe o nosso alimento,
amamenta o pão que vem do céu,
no presépio colocado,
como o alimento dos animais.
É lá que o boi reconheceu seu proprietário
E o burro o presépio do seu Senhor,
o boi e o burro, ou seja, a circuncisão (os hebreus) e o prepúcio (os pagãos).
Tudo o que o nosso Salvador e Senhor,
Si dignou de cumprí-lo em plenitude
Em quanto foi recebido por Simeão no templo”.
2)
Do Mistério que celebramos não podemos tirar a Virgem Maria pela simples razão que Ela é a Mãe de Deus e nossa Mãe na ordem da Graça.
Num mundo que experimenta de várias maneiras as crises de valores que nos tornam “órfãos”, Maria é a resposta do Senhor a quantos vivem uma “orfandade” espiritual e existencial: Ela em quanto Mãe de Deus nos é dada como mãe na ordem da Graça para enriquecer-nos da graça que nos torna seus filhos, aquela Graça perdida e recusada com o pecado das origens.
Certa maneira, em Maria Mãe de Deus nos é dado experimentar de forma mais ampla a benção de Aarão e a paz, porque destas temos a plenitude em Cristo.
Maria é o primeiro sinal, a aurora da plenitude dos tempos (cfr. Gl 4,4), Ela que antecipa o “Sol resplandecente que nos veio visitar” (Lc 1,78).
Maria é a criatura que mais penetrou o mistério da plenitude dos tempos porque gerando o Verbo eterno mais era próxima do mesmo mistério e, sobretudo, porque “guardava todos esses fatos e meditava sobre eles em seu coração” (Lc 2,19).
Maria ensina-nos a guardar e meditar em nossos corações sobre os fatos que tu viveste para poder anunciar e construir a paz que teu Filho nos dá, Ele que é o “Príncipe da paz”.
Padre Ausilio Chessa
O ser nossa mãe suscita em nós não somente sentimentos de devoção e veneração mas também a certeza que a sua presença é sempre presença de mãe, presença que não podemos impedir.
A maternidade da Virgem Maria é o caminho certo para acolher Jesus na sua natureza humana e o caminho certo, pela anunciação do anjo Gabriel, para acolher Jesus na sua natureza divina.
