quarta-feira, 2 de janeiro de 2013

HOMILÍA FESTA DA SAGRADA FAMÍLIA DE JESUS, MARIA E JOSÉ

 

1)

Quanto nos é dado de ler no Livro do Eclesiástico (3,3-7.14-17a) pode ser considerado uma explicitação do IV Mandamento, que é o Mandamento da família, sendo posto por Deus para tutelar e defender a dignidade e a integridade da mesma.

O Livro do Eclesiástico nos propõe os frutos dados aos filhos pela honra e o respeito tributados aos pais: o perdão dos pecados, serem ouvidos na oração, ter alegria e vida longa (cfr. Eclo 3,4-7).

Assistência material: “amparar o teu pai na velhice” (3,14) e espiritual: “ser compreensivo para com ele” (3,15), unida à caridade: “não o humilhes, em nenhum dos dias da sua vida” (3,15) são as coordenadas da santidade pela caridade praticada : “na justiça, será para tua edificação” (3,17a).

Segundo o Eclesiàstico, se pode concluir que a família é uma escola de santidade.

2)

Também a Carta aos Colossenses fornece preciosas indicações para praticar as virtudes necessárias na família: “sincera misericórdia, bondade, humildade, mansidão e paciência” (Col 3,12), fundamentadas na suportação, no perdão, na “caridade, vinculo de perfeição” Col 3,14), o tudo bem orientado pela “palavra de Cristo, com toda a sua riqueza” (Col 3,16).

Na família a Palavra e a Caridade não podem faltar, são constitutivas da solicitude das esposas para os maridos, do amor-ternura destes para elas, da obediência dos filhos, do exercício da autoridade dos pais baseado na compreensão que encoraja os filhos mais do que impedir o entusiasmo deles: “para que não desanimem” (Col 3,21).

O exercício da autoridade não é uma mera aplicação de um direito, mas um dever que une a devida responsabilidade sobre a pessoa objeto da autoridade: o bem da pessoa é a finalidade desta autoridade, que por si mesma é um ajudar os outros (Latim: Augeo-augere=fazer crescer), especifica função-ministério dos pais.

Na reflexão que Cicero faz sobre a família usando o termo "pietas" (piedade), é interessante notar que os pagãos consideram a "pietas" ato de justiça para com os deuses, dever (officium) e cura (cultus) dos consanguineos, para ser "pietas máxima" para com a Patria.

A família, neste aspecto, é a ponte necessária entre a divindade e o Estado, assumindo uma função de primeiro nível.

Uma piedade pré-cristã se pode encontrar em Virgilio que na obra Eneide nos mostra Eneas que cuida seja do filho Ascanio, seja do pai Anquise.

3)

A Sagrada Família é o modelo máximo para as famílias por ser fiel a Deus e à Lei, cumprindo o preceito da Páscoa na peregrinação para Jerusalém com Jesus.

A obediência de Jesus aos pais caminha com a obediência ao Pai: “Não sabeis que devo estar na casa de meu Pai?” (Lc 2,49), de tal maneira que é modelo para nós: obedecer ao Pai do céu em primeiro lugar e, conseqüentemente, aos nossos pais na terra: “E era-lhes obediente” (Lc 2,51).

Maria é modelo por todas as mães que vivem angustiadas a causa de seus filhos, dos quais querem conhecer os motivos do comportamento.

A Virgem Maria é modelo por todas as mães no receber a obediência dos filhos e no guardar nos seus corações confiantes a esperança para a conversão dos filhos, para que possam, como Jesus, “crescer em sabedoria, estatura e graça” (Lc 2,52).

A Igreja coloca a família como modelo na ordem da Criaçao e a família cristã oferece uma revelaçao e uma realizaçao especifica da comunhao eclesial; também por este motivo, pode e deve ser chamada "Igreja domestica" (Familiaris Consortio,21; Lumen Gentium, 11)

A família não pode ser relativizada, porque de todas as instituições da sociedade é aquela na qual convergem todas as razões de ser da convivência civil e porque nela surgem os princípios que orientam para o bem comum.

A tutela da família na sua dignidade especifica é própria da Igreja e do Estado e as Instituições devem garantir a ela uma presença e uma participação não meramente formal mas real, para contribuir não somente ao bem comum mas também a quanto faz parte das legitimas aspirações das pessoas e do povo.

Padre Ausilio Chessa

 
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