Como todas as celebrações litúrgicas, também a celebração da Solenidade da Imaculada Conceição de Nossa Senhora nos conduz ao mistério de Deus e em particular ao mistério de Cristo.
Maria é em absoluto a criatura humana da qual se pode afirmar que é em modo especial criada “à imagem e semelhança de Deus” (Gn 1,26ss) porque é “cheia de graça” (Lc 1,28).
E a plenitude da graça concedida à Virgem Maria é única, iniciando por aquela de ser concebida sem ser atingida e ferida pelo pecado original e assim ser a Imaculada Conceição.
Como afirmam os grandes teólogos – entre estes padre G. Roschini O.S.M. - o ser a Imaculada Conceição significa esta unicidade, o absoluto da graça concedida que é confirmada e se torna visível somente em Maria, como é afirmado no Magistério da Igreja: a Bula “Ineffabilis Deus” fala de privilegio “singular”; a confirma que é “privilegio singularíssimo, que não foi concedido a nenhum outro” [1].
Sempre segundo padre G. Roschini O.S.M. o que deve ser evidenciado é que Maria foi preservada do pecado original e não libertada.
Não é uma imunidade porque, como descendente de Adão, era sujeita ao pecado original.
Como afirmaram bem 33 teólogos no Congresso Mariológico internacional de 29 e 30 de outubro de 1954 “A Bem Aventurada Virgem Maria teria contraído o pecado original, se não tivesse preservada”.[2]
Ao mesmo tempo Ela pertence à categoria dos redimidos pelos méritos de Cristo seu Filho, como é possível ver no Cântico do Magnificat: “E exulta o meu espírito em Deus meu Salvador” (Lc 1,47).
Mesmo que na Sagrada Escritura não exista uma especifica e direta citação ou referência, os Padres da Igreja e a Tradição interpretam a mulher de Gn 3,15 como uma prefiguração de Maria, dando inicio ao Protoevangelho, o inicio da Salvação.
A figura majestosa da mulher e da sua descendência resgata a humanidade da ignomínia do pecado original.
Em Gêneses 3,15 – como afirma o biblista Ortensio Da Spinetoli – temos um “filão messianico” que associa o rei Messias com a Mulher como faz notar o Abade Dom Bruno Marin OSB.
Podemos ver também na Mulher com a "sua stirpe" a primeira "profezia" e promessa ao mesmo tempo na História da Salvação.
Maria, sendo a Imaculada Conceição, pela prefiguração que nos é dada em Gêneses 3,15, é a primeira figura messiânica associada ao Cristo, modelo para todos os redimidos e em modo eminente associada por Ele na obra da redenção.
O Mal e o Maligno que insidia a humanidade será vencido pela descendência da nova humanidade que nós reconhecemos em Maria, porque gera Jesus Cristo, novo Adão.
Na nova Criação, Eva, vencida e submetida ao pecado, será substituída por Maria, que não será atingida pelo pecado original, pela sua integridade, enquanto Imaculada Conceição.
A graça, única, concedida por Deus não será violada, e ao mesmo tempo será guardada em obediência Àquele que se dignou dirigir seu olhar para a Mãe da humanidade redimida: “Ele olhou para a humildade de sua serva” (Lc 1,48).
Come faz notar o teólogo padre G. Roschini O.S.M. se podem aplicar a Maria as palavras do rei Assuero para a rainha Ester: “Esta lei, que pus para todos, não é para te” (Est 15,3) [Coragem, não morrerás. Nossa ordem é apenas para nossos súditos].[3]
Estas palavras podemos aplicar à Virgem Maria que é a Imaculada Conceição e Assunta em céu em alma e corpo, Aquela que antes dos séculos é a escolhida para “ser chamada bem aventurada por todas as gerações”(Lc 1,48).
A “Escolhida” por Deus é também a “Escolhida” por toda a humanidade para ser nossa "Mãe na ordem da graça" (Concilio Vaticano II, Lumen Gentium, 61), porque Mãe de Jesus e Mãe de Deus.
Como Maria é a Imaculada Conceição na plenitude da dignidade para ser Mãe de Jesus e Mãe de Deus, assim Ela é a Imaculada Conceição para ser Mãe de todos os redimidos.
Padre Ausilio Chessa
