1)
Deus, que é Luz eterna resplandecente nos corações e nas mentes, revela-se como luz que ilumina o mundo enviando o próprio Filho Unigênito , “Sol nascente para guiar-nos no caminho da paz” (Lc 1,78.79).
O nascimento de Jesus não pode passar inobservado, é a luz que separa as trevas, da mesma maneira com a qual a treva é separada da Palavra criadora: “Exista a luz” (Gn 1,3).
A poderosa representação dada pelo Profeta Isaias evoca a Palavra criadora nos acontecimentos que acompanham o Povo de Deus, que pode ver o nascimento de um rei libertador descendente da casa de Davi: “nasceu para nós um menino, foi-nos dado um filho” (Is 9,5), prefiguração dos tempos messiânicos inaugurados por Jesus Cristo.
De fato, ao Salvador da humanidade serão apropriados os títulos dados ao descendente de Davi:
“Conselheiro admirável”, porque transmite a vontade do Pai;
“Deus forte”, porque a sua força será a graça salvífica;
“Pai para sempre”, porque Senhor do tempo e da história;
“Príncipe da paz”, porque somente Ele pode dar a verdadeira paz.
2)
Com Cristo a humanidade, na sua conformação de povos e nações, recebe quanto lhe faltava: “A graça de Deus se manifestou, trazendo salvação para todos os povos” (Tt 2,11) e recebe
a dignidade de “povo que lhe pertence” (Tt 2,14).
Desta graça e dignidade descende a regra de vida cristã que comporta “equilíbrio, justiça e piedade” (Tt 2,12), coordenadas para a santidade:
Equilíbrio, como sabedoria e discernimento na procura e na pratica dos valores humanos e espirituais;
Justiça, como exercício das virtudes que nos possam conformar ao Deus Justo e Santo, comunicando e participando-la àqueles que são sedentos de justiça;
Piedade, como atitude e regra di vida pela qual honrar a Deus (virtude de religião), a família e a pátria (cfr. São Tomás de Aquino,Suma Th., II-II, 101) são constitutivos da pessoa e a maior razão de ser do cristão.
3)
É esta piedade que nos ensina o Menino Jesus em Belém – e depois a longo da sua missão – para que possamos informar a vida social de relações mais humanas, considerando todos como irmãos e irmãs.
É esta piedade-virtude de religião o primeiro sentimento que nos acompanha na gruta de Belém.
Somos constitutivamente piedosos e religiosos, por ser criados “à imagem e semelhança de Deus” (Gn 1,26ss).
Lá em Belém nos associamos à piedade dos pastores e ao coro dos anjos que cantam “Glória a Deus no mais alto dos céus, e paz na terra aos homens por ele amados” (Lc 2,14) e participar com eles ao esplendor do amor de Deus que se revela dando-nos o único Presente que nos enriquece e nos torna felizes: o Filho Unigênito, Jesus Salvador da humanidade.
Padre Ausilio Chessa
