A Solenidade de Nosso Senhor Jesus Cristo Rei do Universo, encerrando o ano litúrgico, fortalece a nossa fé dando-nos o sentido pleno da Redenção, que abrange a totalidade da humanidade e de todas as realidades.
Ao mesmo tempo coloca a plenitude da Redenção no realizar-se do Reino de Deus "quando Ele entregar a realeza a Deus-Pai" (1Cor 15,24).
Nesta Solenidade - como em toda a Liturgia - Jesus nos conduz para as realidades futuras : “O meu reino não é deste mundo (Jo18,36) e nos revela a própria condição em relação a este reino, respondendo a Pilatos: "Tu o dizes: eu sou rei” (Jo 18,37).
Jesus Cristo é o Senhor do tempo e da história e é também em relação à história que aparece dominante a figura de Rei do universo.
Entre os tantos poderes humanos que aparecem e desaparecem na história, mesmo com pleno significado e relevância, não se pode estabelecer a primazia de nenhum deles.
A realeza de Cristo sobre nós corresponde à exigência do homem de viver a relação com Deus não somente a um nível espiritual e transcendente, mas também ao nível humano conforme ao mistério da Encarnação pelo qual “A Palavra se fez homem e acampou entre nós” (Jo 1,14).
2)
A Carta Encíclica Quas Primas do Sumo Pontífice Pio XI afirma que “Cristo é reconhecido Rei dos corações por aquela sua caridade que supera toda compreensão humana (Supereminentem scientiae caritatem [Ef 3,19]) e que “É necessário reivindicar ao Cristo Homem no verdadeiro sentido da palavra o nome e os poderes de Rei”.
A dignidade de Rei – continua a Carta Encíclica – “se fundamenta sobre aquela união admirável que é chamada união hipostática”.
Neste aspecto, podemos ver que o Mistério da Encarnação “desce” ao nível humano porque “Cristo não somente deve ser adorado como Deus pelos Anjos e pelos homens, mas também a Ele, como Homem, devem ser sujeitos e obedecer: ou seja, que pelo só fato da união hipostática Cristo teve potestade sobre todas as criaturas”.
Assumindo a natureza humana, excluído o pecado, o Verbo exerce uma potestade soberana sobre toda a Criação – continua a Encíclica – ao nível de Redentor, de legislador e de juiz.
3)
A finalidade da Solenidade de Nosso Senhor Jesus Cristo Rei do Universo é de responder ao laicismo que pesa sobre a sociedade, de dar uma resposta de fé com a devoção ao Sagrado Coração de Jesus e as procissões eucarísticas, e de mover as pessoas – sobretudo os governantes – a pensar sobre o juízo final.
De fato, a Solenidade de Nosso Senhor Jesus Cristo Rei do Universo é também uma resposta aos regimes totalitários e antidemocráticos que já surgiram ou estavam surgindo impedindo a liberdade religiosa e contrastando a Fé.
No Mexico, em particular, Cristo Rei do Universo foi assumido como modelo para resistir contra a opressão anticlerical que causou tantos martires os quais morrendo gritavam "Viva Cristo Rei!".
Hoje deve permanecer o mesmo espírito originário daquele da instituição, tendo presente que permanecem muitas analogias com a época – 11 de dezembro de 1925 - na qual a Solenidade foi proclamada.
Padre Ausilio Chessa
