1)
A história da humanidade é marcada nas origens com Adão pelo poder que Deus dá ao primeiro homem de chamar os animais com um nome: “E Adão deu o nome a todos os animais” (Gn 2,20).
A Palavra criadora própria de Deus que determina as funções: “Deus chamou à luz ‘dia’ e à treva ‘noite’” (Gn 1,5) se acompanha com a palavra denominadora atribuída por Deus ao homem para que os animais sejam ao serviço daquele que exerce uma primazia na Criação por ser “à imagem e semelhança de Deus” (Gn 1,26ss).
É com o nome que, mais do que exercer um poder, o homem inicia a própria vida dialógica, de relação e de comunhão para a qual é criado, que completará ao ver a própria companha dizendo; “Ela será chamada ‘mulher’ porque foi tirada do homem” (Gn 2,23).
É a vida de comunhão a característica da Criação, como reflexo da vida de comunhão própria da Santíssima Trindade: “Eles serão uma só carne” (Gn 2,24).
Dar um nome – aos animais e ao próprio semelhante – não é um simples exercício de poder; ao contrário, é um assumir uma responsabilidade: não é possível ignorar ou ser indiferentes com aqueles aos quais é dado o nome; com o pertencer desses ao homem é associado um “pertencer” do homem a eles, em particular com as pessoas.
A ofensa mais grave dada a uma pessoa na sua dignidade é aquela de não chamá-la com o próprio nome, ou substituindo este com outras formas de epíteto.
Compreendemos quanto seja grande o nome dado ao Filho Unigênito de Deus aqui na terra: Jesus “Salvador” (cfr. Lc 1,31).
É o nome de Jesus que exerce em nós uma potestade à qual não podemos subtrair-nos: "Diante do nome de Jesus, todo joelho se dobre, no ceu, na terra e no abismo; e toda lingua confesse para glória de Deus Pai: Jesus Cristo é o Senhor!" (Fl 2,10.11).
2)
É pelo nome dado por Adão à mulher que o amor adquire significado, ou seja é um reconhecer uma presença que interpela para viver um destino comum que é “substancialmente” “ser uma só carne” (Gn 2,24).
É dar ao mistério do homem, depois de Deus, a primeira forma de revelação, a revelação do amor.
E este mistério do homem será plenamente revelado por Jesus – participe do comum destino da humanidade - com a revelação total do amor na Cruz: “Pois tanto Jesus, o Santificador, quanto os santificados, são descendentes do mesmo ancestral; por esta razão, Ele não se envergonha de os chamar irmãos” (Hb 2,11).
3)
Como o pecado original quebrou a aliança de Deus com a humanidade, assim a “dureza de coração” quebrou a originaria aliança entre homem e mulher, desde o inicio “uma só carne” (Gn 1,24) conforme ao mandamento do Criador: “Portanto, o que Deus uniu, o homem não separe!” (Mc 10,9).
A palavra decisiva e radical de Jesus não admite exceções: não é possível destruir o amor conjugal, constitutivo de uma aliança que unindo as pessoas ao mesmo tempo une a Deus.
Jesus, condenando o divórcio, nos interpela em ordem a quanto é desagregação na família e na sociedade.
No gesto acolhedor de Jesus para as crianças podemos ver uma resposta aos dramas e às dificuldades que afligem as famílias: são as crianças o critério de comparação para avaliar os nossos comportamentos com e nas famílias.
“Deixai vir a mim as crianças” (Mc 10,14) é o convite dirigido a todos nós para ter a força de manter unidas as famílias olhando e acolhendo as crianças.
Padre Ausilio Chessa
