domingo, 9 de setembro de 2012

HOMILÍA XXIII DOMINGO TEMPO COMUM ANO B

A  salvação que Deus realiza e nos oferece não é uma realidade remota, desvinculada do vivido cotidiano e do tempo, mas é um acontecimento que abrange o passado, o presente e o futuro colocando simultaneamente o homem no tempo e na eternidade.

A História que nós contemplamos é História da salvação, a irrupção de Deus que não pode deixar a humanidade abandonada a si mesma, como bem explica o Profeta Isaías (35,4-7a): a salvação cura a humanidade sofredora – cegos, surdos, coxos – e a natureza moribunda, com o deserto, e a terra árida.

A salvação abrange a totalidade da criação como afirma São Paulo: “Sabemos de fato que toda junta a criação geme e sofre as dores do parto até hoje” (Rm 8,22)

O olhar de Deus para a humanidade que espera a salvação deve ser o nosso olhar “sem acepção de pessoas” (Tg 2,1), sem distinções ou discriminações.

E´verdade que sempre existe uma certa – justa - deferência e respeito pelas autoridades, mas não se pode confundir com uma atenção servil aos poderosos, “com anel de ouro no dedo e bem vestidos” (Tg 2,2) somente pelo fato de ter um poder econômico, e ao mesmo tempo não reservar um olhar fraterno ao “pobre, com sua roupa surrada” (Tg 2,2).

Num contexto mais amplo é possível ver a mesma atenção servil numa certa subordinação às modas culturais do momento - com escondida ideologia – sem dar a devida atenção ao patrimônio cultural presente no povo mesmo que não seja expressado em formas refinadas.

Existe em certo numero de jovens uma “idolatria” - fonte de ilusões - pelos “ídolos” do momento, em total dissonância com o espírito cristão solidário com os pobres; é um fugir da realidade e um viver numa dimensão virtual, uma renuncia ao enfrentar as responsabilidades da vida.

“Não escolheu Deus os pobres deste mundo para serem ricos na fé e herdeiros do Reino?” (Tg 2,5): o que importa é ser ricos na fé.

Jesus, curando “um homem surdo que falava com dificuldade” (Mc 7,32), manifesta seu poder de curar a humanidade como sinal da salvação integral – alma e corpo - que Ele nos dá.

Ele cura a “surdez” como doença que impede de ouvir a Palavra, as inspirações do Espírito Santo, a voz da consciência, o grito de dor dos irmãos que sofrem. 

A nossa “surdez” espiritual é causada pelo egoísmo e pela injustiça, pelo materialismo e o edonismo que tornam insensíveis e indiferentes aos valores do espírito.

È aquela “surdez” relacionada com o nosso “falar com dificuldade” (Mc 7,32) ou por nada a linguagem de Deus: a santidade, a misericórdia, a justiça.

Deve ressoar em nós o “Efatá!” de Jesus para que em cada proclamação da Palavra se abram nossos ouvidos e se solte a nossa língua.


Padre Ausilio Chessa

 
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